De repente, seu filho está regredindo. Deixa de falar palavras que já sabia dizer bem, pede a mamadeira ou o peito mesmo depois de já ter abandonado esses hábitos, ou chora porque viu a chupeta na boca de uma criança menor (ou do irmãozinho) e quer voltar ao passado.
Essas regressões comportamentais são normais e esperadas. O mundo da criança muda e se expande muito rápido, e às vezes ela precisa voltar alguns passos para se sentir mais segura. Isso acontece especialmente quando há criança nova na família. Além de tudo, um bebezinho parece conseguir muito mais a atenção de todos que a criança "grande".
O tipo de regressão que deve causar preocupação é a física: por exemplo, a criança conseguia subir no sofá sem problemas e agora não consegue mais. Nesse caso, é preciso falar com o pediatra, porque há algumas doenças musculares, chamadas distrofias, que se manifestam assim.
Outro sinal de alerta é uma regressão significativa na linguagem: ela já usava expressões de duas ou três palavras e agora mal fala. Regressões físicas ou cognitivas podem indicar algum problema sério, por isso leve seu filho ao pediatra e converse com ele se estiver preocupada.
Também procure orientação médica se a criança tiver grande dificuldade de relacionamento e comunicação -- como se ela tivesse parado de evoluir nesses aspectos. Esta é uma das características de distúrbios como o autismo.
Quando a regressão é emocional, a melhor saída é manter a calma e se mostrar disponível para a criança. Assim que voltar a se sentir segura, ela vai retomar o nível de maturidade que tinha. Se seu filho quiser provar o leitinho do irmão mais novo, você pode deixar, porque é muito provável que ele perceba que não é tão gostoso quanto imaginava.
Caso o comportamento do seu filho seja inconveniente ou você não quiser deixar (como quando ele quer entrar no berço de um bebê ou mamar no peito de uma tia), a melhor reação é mostrar que você sabe o que ele quer, mas que pode oferecer uma alternativa. "Sei que era gostoso mamar no peito da mamãe, mas agora você toma o seu leite nesse copinho superlegal. Por que você não vem tomar o seu leite aqui, bem gostoso, no meu colo?"
Ou brincar, dizendo, sem menosprezo na voz: "Nossa, quem é esse bebezinho aqui? Não estou entendendo nada do que ele fala! Tomara que minha filha, que é uma menina grande e sabida, apareça logo para conversar comigo!"
Para minimizar a crise que se instalou, convém que os pais adotem certas atitudes, tais como:
- ao tomar ciência da nova gravidez, contar ao filho independentemente de sua faixa etária, utilizando-se palavras de sua compreensão. Reassegure-o de seu amor por ele. Saber da notícia através dos pais, fortalece a confiança depositada neles.
- introduza-o na história da família sempre que possível, pois ele não tem noção de sua infância mais precoce, ou seja, de quando era bebê.
- esclareça que ele também chorava muito como o irmãozinho vai chorar, pois é sua única forma de expressão; muitas vezes o programa combinado terá que ser adiado como tantas vezes vocês, pais, fizeram, quando ele era pequeno. Mas que dará muitas alegrias como ele também dá.
- por volta da ida à maternidade, informe-o previamente com quem ele ficará, que poderá visitá-los se assim o desejar e que logo voltarão para casa para ficarem todos juntos novamente.
- não subestime a inteligência de seu filho ao lhe dar um presente, alegando que o bebê que trouxe para ele, pois a criança sabe que bebês não fazem compras.
Se o filho mais velho recebe amor, compreensão e atenção dos pais, bem como, se são priorizados o respeito e a disciplina na educação, haverá ciúme e rivalidade, porém de forma mais branda e controlável.
Beijos!